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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Contaminação Biológica por Espécies Exóticas Invasoras

·         Muitas espécies Exóticas, ou seja, que não são nativas do bioma são inseridas no ambiente por fins econômicos ou ornamentais e podem causar alterações em ciclos ecológicos específicos, seja por ocupação do espaço e expulsando assim as plantas nativas ou predação. As espécies exóticas tem seu potencial econômico, como por exemplo na industria de Celulose em que o Pínus e Eucalipto são amplamente usadas, porém essa inserção deve ser feita levando em considerações estudos comportamentais e do bioma local. 
            Espécie Exótica
O conceito espécie- exótica refere-se à ocupação de espaços fora de seu ambiente natural, independentemente de divisas políticas de países ou estados; ou seja, espécies brasileiras de um ambiente também são exóticas em outros, ainda que dentro das mesmas fronteiras políticas. Tratando-se de organismos aquáticos, os limites são ainda mais estreitos, sendo necessário considerar bacias ou microbacias como unidades menores dentro de ecossistemas. O fato da espécie ser exótica não implica, necessariamente, que haja dano.
      
            Espécies Exótica Invasora
Espécies exóticas invasoras, por outro lado, são aquelas que, uma vez introduzidas a partir de outros ambientes, adaptam-se e se reproduzem a ponto de substituir espécies nativas e alterar processos ecológicos naturais, tornando-se dominantes após um período mais ou menos longo, requerido para sua adaptação (Ziller, 2000).
Ao contrário de muitos problemas ambientais que se amenizam com o tempo, como por exemplo a poluição química, invasões biológicas se multiplicam, se espalham e causam problemas de longo prazo que se agravam com o passar do tempo e não permitem que os ecossistemas afetados se recuperem naturalmente (Westbrooks, 1998). Em via disso, esse processo é denominado de contaminação biológica.
As espécies invasoras são a segunda causa de perda de biodiversidade em muitos ecossistemas, podendo causar, também, mudança na sua estrutura e função e aumento de homogeneização de uma biota regional única. As primeiras translocações de espécies de uma região a outra do planeta tiveram a intenção de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso direto, porém a globalização intensificou essa prática.
Plantas exóticas invasoras tendem a produzir alterações em propriedades ecológicas essenciais como ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal, cadeias tróficas, estrutura, dominância, distribuição e funções de espécies num dado ecossistema, distribuição de biomassa, densidade de espécies, porte da vegetação, acúmulo de serrapilheira e de biomassa (com isso aumentando o risco de incêndios), taxas de decomposição, processos evolutivos e relações entre polinizadores e plantas. Podem alterar o ciclo hidrológico e o regime de incêndios, levando a uma seleção das espécies existentes e, de modo geral, ao empobrecimento dos ecossistemas. Há o risco de que produzam híbridos a partir de espécies nativas, que podem ter ainda maior potencial invasor. Essas alterações colocam em risco atividades econômicas ligadas ao uso de recursos naturais em ambientes estabilizados, gerando mudanças na matriz de produção pretendida e, em geral, impactos economicamente negativos.


Espécies invasoras de porte maior do que as vegetações nativas produzem os maiores impactos, como no caso da invasão de formações herbáceo-arbustivas por espécies arbóreas. Não só as relações de dominância dessas comunidades são alteradas, mas também a fisionomia da vegetação em função da entrada de novas formas de vida. Como consequência principal tem-se a acelerada perda da diversidade natural.

Achatina fulica, O Caramujo Gigante Africano
O molusco exótico Achatina fulica é classificado como uma das piores espécies invasoras do mundo, sendo considerado sério problema ambiental, de saúde pública e econômico. A espécie ocorre associada a ambientes alterados, porém a sua presença em áreas de preservação, principalmente em ilhas, pode causar sérios danos ambientais, sendo urgentemente necessário o seu extermínio.

O caramujo gigante africano foi trazido de maneira ilegal para o Paraná por volta da década de 1980 e, então, levado para todas as regiões do Brasil (TELES; FONTES, 2002). Os disseminadores desses animais traziam promessa de lucro fácil, incentivando a criação para ser usado como alimento e prevendo que o Brasil seria o maior exportador da iguaria. Apesar de ser bem maior e mais produtivo que o escargot tradicional Helix aspersa (Müller, 1774) (AGRODATA, 1990), o mercado não aceitou a sua carne, seja pela questão cultural ou pela falta de controle de qualidade e fiscalização. Os criadores desanimados e desestimulados abandonaram as criações ou liberaram os animais na mata nativa e nos rios (TELES; FONTES, 2002). As mesmas características que tornaram a A. fulica fácil de ser criada em qualquer região do mundo, maximizaram seu potencial de praga. A grande resistência a fatores abióticos (e.g. temperatura e umidade) somados à estratégia reprodutiva, em que hermafroditas se fertilizam mutuamente e fazem até cinco posturas por ano com cerca de 300 ovos cada (VASCONCELLOS; PILE, 2001), foram fatores importantes para o sucesso. A A. fulica é considerada como uma das 100 piores espécies invasoras do mundo (IUCN, 2000), tanto por representar um problema mundial, quanto por afetar a saúde, o ambiente e a economia.
O caramujo pode ser hospedeiro intermediário de um nematóide causador da angiontrongiliose. A espécie Angisostrongylus cantonensis (CHEN, 1935) causa um tipo de meningite comum na Ásia e A. costaricensis Morera e Céspedes (1971) causa angiontrongiliose abdominal que ocorre no Brasil, tradicionalmente transmitida por outros moluscos. Até o presente momento não foi encontrada A. fulica infectada, mas testes laboratoriais indicam que tem potencial para tal. A grande preocupação das autoridades é com a quantidade de caramujos e sua associação com o ambiente urbano, uma vez que pode se tornar um sério problema, caso entre em contato com o hospedeiro definitivo, no caso ratos silvestres ou urbanos (TELES; FONTES, 2002).
A especial preocupação ambiental é a conseqüência que a espécie estranha pode trazer ao competir por espaço e alimento com espécies nativas, mais sensíveis e especialistas, muitas vezes endêmicas. Da mesma forma, pode haver alterações de paisagens naturais, por consumo da vegetação nativa, principalmente de mudas. O molusco gigante brasileiro do gênero Megalobolimus, conhecido como aruá-do-mato, já foi bem mais freqüente, é possível que o caramujo exótico seja o responsável direto ou indireto da diminuição da sua população. Quanto aos problemas econômicos, tem-se a dizimação de inúmeras plantações, grãos armazenados e jardins (SANTOS et al., 2002).
Distribuição no Estado do Paraná
O caramujo africano ocorre no litoral e no interior do Paraná. Em 1994, estava presente apenas em Morretes e Antonina (KOSLOSKI; FISCHER, 2002), porém em 2002 já havia se espalhado por todo o litoral e remanescentes de Mata Atlântica, é caracterizada por possuir muitas ilhas, ambientes estes que são mais preocupantes quanto à presença de espécies invasoras devido à existência de espécies endêmicas pouco conhecidas pela ciência (SANTOS et al., 2002).
Controle
Há quase um século vem sendo tentado exterminar a A. fulica de inúmeros países. Introduções desastrosas de inimigos naturais e a ação tóxica e não específica de produtos químicos têm feito com que a catação seja o método mais indicado (COWIE, 2003). No mundo inteiro existem dois relatos de sucesso, na Austrália e nos Estados Unidos. Em Miami foram gastos mais de 1 milhão de dólares para exterminar 18.000 caramujos presentes em 42 quadras, sendo, para tal, necessários seis anos de uso de iscas com veneno, catação por profissionais capacitados e campanhas de educa- ção ambiental (SIMBERLOGG, 2002).

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