· Muitas espécies Exóticas, ou seja, que não são nativas do bioma são inseridas no ambiente por fins econômicos ou ornamentais e podem causar alterações em ciclos ecológicos específicos, seja por ocupação do espaço e expulsando assim as plantas nativas ou predação. As espécies exóticas tem seu potencial econômico, como por exemplo na industria de Celulose em que o Pínus e Eucalipto são amplamente usadas, porém essa inserção deve ser feita levando em considerações estudos comportamentais e do bioma local.
Espécie
Exótica
O conceito espécie- exótica refere-se à ocupação de
espaços fora de seu ambiente natural, independentemente de divisas políticas de
países ou estados; ou seja, espécies brasileiras de um ambiente também são
exóticas em outros, ainda que dentro das mesmas fronteiras políticas. Tratando-se
de organismos aquáticos, os limites são ainda mais estreitos, sendo necessário
considerar bacias ou microbacias como unidades menores dentro de ecossistemas.
O fato da espécie ser exótica não implica, necessariamente, que haja dano.
Espécies
Exótica Invasora
Espécies exóticas invasoras, por outro lado, são
aquelas que, uma vez introduzidas a partir de outros ambientes, adaptam-se e se
reproduzem a ponto de substituir espécies nativas e alterar processos
ecológicos naturais, tornando-se dominantes após um período mais ou menos
longo, requerido para sua adaptação (Ziller, 2000).
Ao contrário de muitos problemas ambientais que se
amenizam com o tempo, como por exemplo a poluição química, invasões biológicas
se multiplicam, se espalham e causam problemas de longo prazo que se agravam
com o passar do tempo e não permitem que os ecossistemas afetados se recuperem
naturalmente (Westbrooks, 1998). Em via disso, esse processo é denominado de
contaminação biológica.
As espécies invasoras são a segunda causa de perda de
biodiversidade em muitos ecossistemas, podendo causar, também, mudança na sua
estrutura e função e aumento de homogeneização de uma biota regional única. As
primeiras translocações de espécies de uma região a outra do planeta tiveram a
intenção de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso direto,
porém a globalização intensificou essa prática.
Plantas exóticas invasoras tendem a produzir
alterações em propriedades ecológicas essenciais como ciclagem de nutrientes e
produtividade vegetal, cadeias tróficas, estrutura, dominância, distribuição e
funções de espécies num dado ecossistema, distribuição de biomassa, densidade
de espécies, porte da vegetação, acúmulo de serrapilheira e de biomassa (com
isso aumentando o risco de incêndios), taxas de decomposição, processos
evolutivos e relações entre polinizadores e plantas. Podem alterar o ciclo
hidrológico e o regime de incêndios, levando a uma seleção das espécies
existentes e, de modo geral, ao empobrecimento dos ecossistemas. Há o risco de
que produzam híbridos a partir de espécies nativas, que podem ter ainda maior
potencial invasor. Essas alterações colocam em risco atividades econômicas
ligadas ao uso de recursos naturais em ambientes estabilizados, gerando
mudanças na matriz de produção pretendida e, em geral, impactos economicamente
negativos.
Espécies invasoras de porte maior do que as vegetações
nativas produzem os maiores impactos, como no caso da invasão de formações
herbáceo-arbustivas por espécies arbóreas. Não só as relações de dominância
dessas comunidades são alteradas, mas também a fisionomia da vegetação em
função da entrada de novas formas de vida. Como consequência principal tem-se a
acelerada perda da diversidade natural.
Achatina
fulica, O Caramujo Gigante Africano
O molusco exótico Achatina fulica é classificado como
uma das piores espécies invasoras do mundo, sendo considerado sério problema
ambiental, de saúde pública e econômico. A espécie ocorre associada a ambientes
alterados, porém a sua presença em áreas de preservação, principalmente em
ilhas, pode causar sérios danos ambientais, sendo urgentemente necessário o seu
extermínio.
O caramujo gigante africano foi trazido de maneira
ilegal para o Paraná por volta da década de 1980 e, então, levado para todas as
regiões do Brasil (TELES; FONTES, 2002). Os disseminadores desses animais
traziam promessa de lucro fácil, incentivando a criação para ser usado como
alimento e prevendo que o Brasil seria o maior exportador da iguaria. Apesar de
ser bem maior e mais produtivo que o escargot tradicional Helix aspersa
(Müller, 1774) (AGRODATA, 1990), o mercado não aceitou a sua carne, seja pela
questão cultural ou pela falta de controle de qualidade e fiscalização. Os
criadores desanimados e desestimulados abandonaram as criações ou liberaram os
animais na mata nativa e nos rios (TELES; FONTES, 2002). As mesmas
características que tornaram a A. fulica fácil de ser criada em qualquer região
do mundo, maximizaram seu potencial de praga. A grande resistência a fatores
abióticos (e.g. temperatura e umidade) somados à estratégia reprodutiva, em que
hermafroditas se fertilizam mutuamente e fazem até cinco posturas por ano com
cerca de 300 ovos cada (VASCONCELLOS; PILE, 2001), foram fatores importantes
para o sucesso. A A. fulica é considerada como uma das 100 piores espécies
invasoras do mundo (IUCN, 2000), tanto por representar um problema mundial,
quanto por afetar a saúde, o ambiente e a economia.
O caramujo pode ser hospedeiro intermediário de um
nematóide causador da angiontrongiliose. A espécie Angisostrongylus cantonensis
(CHEN, 1935) causa um tipo de meningite comum na Ásia e A. costaricensis Morera
e Céspedes (1971) causa angiontrongiliose abdominal que ocorre no Brasil,
tradicionalmente transmitida por outros moluscos. Até o presente momento não
foi encontrada A. fulica infectada, mas testes laboratoriais indicam que tem
potencial para tal. A grande preocupação das autoridades é com a quantidade de
caramujos e sua associação com o ambiente urbano, uma vez que pode se tornar um
sério problema, caso entre em contato com o hospedeiro definitivo, no caso
ratos silvestres ou urbanos (TELES; FONTES, 2002).
A especial preocupação ambiental é a conseqüência que
a espécie estranha pode trazer ao competir por espaço e alimento com espécies
nativas, mais sensíveis e especialistas, muitas vezes endêmicas. Da mesma
forma, pode haver alterações de paisagens naturais, por consumo da vegetação
nativa, principalmente de mudas. O molusco gigante brasileiro do gênero
Megalobolimus, conhecido como aruá-do-mato, já foi bem mais freqüente, é
possível que o caramujo exótico seja o responsável direto ou indireto da
diminuição da sua população. Quanto aos problemas econômicos, tem-se a
dizimação de inúmeras plantações, grãos armazenados e jardins (SANTOS et al.,
2002).
Distribuição
no Estado do Paraná
O caramujo africano ocorre no litoral e no interior do
Paraná. Em 1994, estava presente apenas em Morretes e Antonina (KOSLOSKI;
FISCHER, 2002), porém em 2002 já havia se espalhado por todo o litoral e remanescentes
de Mata Atlântica, é caracterizada por possuir muitas ilhas, ambientes estes
que são mais preocupantes quanto à presença de espécies invasoras devido à
existência de espécies endêmicas pouco conhecidas pela ciência (SANTOS et al.,
2002).
Controle
Há quase um século vem sendo tentado exterminar a A.
fulica de inúmeros países. Introduções desastrosas de inimigos naturais e a
ação tóxica e não específica de produtos químicos têm feito com que a catação
seja o método mais indicado (COWIE, 2003). No mundo inteiro existem dois
relatos de sucesso, na Austrália e nos Estados Unidos. Em Miami foram gastos
mais de 1 milhão de dólares para exterminar 18.000 caramujos presentes em 42
quadras, sendo, para tal, necessários seis anos de uso de iscas com veneno,
catação por profissionais capacitados e campanhas de educa- ção ambiental
(SIMBERLOGG, 2002).